quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Disfarce

Às vezes, acordo com alguém me chamando: “Juliana!”. Então levanto a cabeça, olho ao redor e não há ninguém. Talvez isso faça parte de algum sonho, não sei. Quantas vezes acordo ainda com aquela sensação boa do sonho, desejando voltar praquele universo paralelo em que tudo parece em perfeita harmonia. Apelei para o Quintana, o que ele me disse em “Os Parceiros” foi o seguinte:

Sonhar é acordar-se para dentro:
de súbto me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.

Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!
E quase que escurece a chama triste...
E, a cada parada uma pancada,
o coração, exausto, ainda insiste.

Insiste em quê? Ganhar o quê? De quem?
O meu parceiro... eu vejo que ele tem
um riso silencioso a desenhar-se

numa velha caveira carcomida.
Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce...
Como também disfarce é a minha vida!


Mário Quintana

sábado, 12 de setembro de 2009

"Ó meu gentil Romeu"

Li, algumas semanas atrás, sobre um casal britânico que ficou 81 anos casados. A união só acabou por causa da morte do marido, aos 101 anos de idade. Lembrei da pergunta que lancei outro dia aqui no blog, será possível um amor recíproco não acabar em tragédia?! Cheguei a conclusão que não, a tragédia parece inerente á vida daqueles que amam. Aos olhos de quem está de fora, o desaparecimento de um senhor centenário é algo natural, até mesmo inevitável, mas para a senhora que esteve ao lado dele nos últimos 80 anos, a perda do seu companheiro deve ter sido um drama.
O que faltou para casais como Tristão e Isolda, Romeu e Julieta e tantos outros foi tempo, para que vivessem um pouco mais daquele amor. E se tempo tivessem, será que teriam a paciência, a persistência para viverem mais de 80 anos juntos? Será que o amor de Tristão e Isolda teria durado para além dos três anos que a poção do amor lhes permitia?
Numa passagem do texto de Shakespeare, Julieta, insegura como toda mulher apaixonada, pede a Romeu que se declare: “Ó meu gentil Romeu! Se amas, proclama-o com sinceridade; ou se pensas, acaso, que foi fácil minha conquista, vou tornar-me ríspida, franzir o sobrecenho e dizer "não", porque me faças novamente a corte.”
E também ela fala de seus sentimentos: “Belo Montecchio, é certo: estou perdida, louca de amor; daí poder pensares que meu procedimento é assaz leviano; mas podeis crer-me, cavalheiro, que hei de mais fiel mostrar-me do que quantas têm bastante astúcia para serem cautas.”
Esse tipo de comportamento, hoje, não é muito bem-vindo para a maioria. Qualquer um que exponha demais seus sentimentos assusta aos demais, não tem o mesmo valor que tivera outrora. As relações, de uma maneira geral, parecem ter se tornado mais superficiais, não há muita preocupação o outro. Mas também é verdade que, mesmo naqueles tempos de romantismo, amores eram construídos e desfeitos num estalar de dedos.
Até a noite do baile, em que Romeu conheceu e se apaixonou por Julieta, seu coração estava sob os cuidados da “bela Rosalina”, a ponto de o Frei Lourenço assustar-se ao saber daqueles novos sentimentos: “Por São Francisco! Que mudança é essa? Rosalina adorada e tão depressa posta no esquecimento? O coração no amor dos moços nada influi, senão somente os olhos.”Como julgar um novo amor? Ou um antigo ou futuro? Será que só podemos encontrar um verdadeiro amor ao longo da vida? Tenho medo de descobrir que, por fim, não haverá nenhum.
Acredito que seja muito mais fácil viver um amor fugaz, intenso, rápido e trágico. Ouvi outro dia alguém dizer numa entrevista, como é mais fácil trocar de parceiro do que manter um relacionamento longo. Saber satisfazer a mesma pessoa todos os dias, se reinventar a cada manhã para poder renovar uma vida a dois é muito mais complicado do que viver sempre apenas o frisson dos primeiros meses. Não desmereço as lindas histórias que viveram Isolda e Tristão, Julieta e Romeu, mas imagino o quão bela e difícil deva ter sido manter uma união por tanto tempo como conseguiu o casal centenário. Eles poderiam ter desistido aos primeiros sinais de turbulência, buscado outro par, mas fizeram outra escolha. Gosto de pensar que teria acontecido o mesmo com os casais lendários, se eles tivessem tido tempo de viver o seu amor.

ps: Para aqueles que pensam que tempo não lhes falta e se “Inês ainda não for morta”, vale uma frase de Guimarães Rosa, autor que também criou um casal cuja convivência foi interrompida muito cedo: “Quem muito se evita, se convive.”

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Até breve!


Tudo parecia menor. Essa foi a sensação ao entrar, dez anos depois, na escola em que estudei. Deve ser porque naquela época eu era criança, pensei, mas verdade seja dita, eu não cresci muito desde aquela época. Alguns meses atrás falei que haveria um encontro da minha turma, pois bem, a reunião aconteceu no último sábado.
É estranho como conseguimos nutrir uma intimidade com pessoas que passamos tanto tempo sem ver, mas entre amigos, isso é possível. Rostos e feições parecem, num primeiro olhar, diferentes. Entretanto, a memória se encarrega de nos lembrar que na sua essência são os mesmo, de dez, quinze anos atrás.
Das conversas surgem histórias que pensávamos ter esquecido, um anel que selou uma amizade, uma noite engraçada, uma briga que ninguém sabe porque começou! A comemoração teve, além do passeio pela escola, jogo de futebol, camiseta da turma e jantar, com a presença de alguns professores.

Como era esperado, muitos colegas casados e noivos, alguns com filhos e outros não puderam comparecer, e foram esses os que geraram maiores comentários sobre onde e como estariam, no que trabalham… Ah, e tivemos a participação virtual do Manabu, direto de Londres.
Pena que o dia passou rápido, não deu tempo de conversar com todos sobre tudo. Quando estava de saída um colega me disse: “Nos vemos na festa de 15!” Respondi que não, que esperava vê-los antes disso. Claro que será difícil encontrar a maioria deles, mas que sejam apenas alguns, já serão o bastante pra manter a lembrança daquela época sempre presente.
ps: não consegui falar com o Patrick Dempsey a tempo!


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Notícias (quase) inúteis

Foi divulgado, ontem, o resultado do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), no qual o Ministério da Educação avaliou 7.329 cursos de 30 áreas. As regiões que tiveram mais cursos de excelência foram a sul e sudeste. A UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) está entre as melhores notas – junto com a UFRJ e a UFMG. Como vocês podem ver, a abreviatura da universidade federal daqui, muda um pouco, já que não tem apenas a sigla do estado, RS. Deve ter sido essa a confusão da Globo, que insiste em usar “UFRS”. Desde ontem, ninguém conseguiu corrigir a arte que continua sendo usada em todos os jornais da emissora, incluindo a Globo News. É verdade que isso não muda muito, mas é um erro desnecessário.

O ex-presidente Fernando Collor de Melo foi eleito imortal da Academia Alagoana de Letras (AAL), mesmo sem ter publicado nenhum livro. A instituição aceitou os artigos e discursos publicados pelo, hoje, senador, como material suficiente para sua eleição. A posse está prevista pra outubro. Hein? Me nego a falar no assunto, só queria dividir a informação e, espero, a indignação com alguém.

Embora a cesta básica tenha ficado mais barata em nove capitais, a mais cara do Brasil continua sendo a de Porto Alegre, por R$ 238,67. O valor pago pelos gaúchos é 70 reais a mais do que a cesta mais barata que é de Aracaju. ( Dados do Dieese - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)

Retiraram do ar o Jornal Nacional de Sexta (TVI), que era apresentado pela Manuela Moura Guedes, jornalista portuguesa conhecida por seus comentários críticos (e sua boca protuberante). Eu me divertia muito assistindo a esse jornal, as causas do cancelamento parece q ainda estão sendo esclarecidas, mas posso imaginar algumas delas... (Informações dos jornais Público e Diário de Notícias)