sábado, 29 de agosto de 2009

Espera...

Há quem diga dela bendita, quando o que se espera é algo bom, feliz, proveitoso, pois trouxe com o seu fim, uma boa nova! Há também quem diga ser a espera maldita, já que nunca sabemos o seu final. Mas também há aqueles que falam dela como necessária, provedora de momentos de reflexão, amadurecimento. Ela pode ser longa, demais para a paciência da maioria ou curta, quanto o tempo de espera entre uma refeição e outra. Todo mundo sempre espera por alguma coisa, por algum acontecimento, por alguém. Nem sempre são coisas extraordinárias, a maioria delas é simples, mas ainda assim, podem demorar a chegar…
Em “Últimos dias”, Drummond diz:

“O tempo de despedir-me e contar
que não espero outra luz além da que nos envolveu
dia após dia, noite em seguida a noite, fraco pavio,
pequena ampola fulgurante, facho, lanterna, faísca,
estrelas reunidas, fogo na mata, sol no mar,
mas que essa luz basta, a vida é bastante, que o tempo
é boa medida, irmãos, vivamos o tempo.”

ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética. Relógio D´Água Editores, Lisboa, 2007.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Legítimo, "Azar o teu!"

Essa é uma história de caráter ficcional, hipotética, mas que poderia ter acontecido. Imagine que tu deixas teu carro estacionado, à noite, numa rua de Porto Alegre. Na manhã seguinte, alívio, o carro ainda está lá. Entretanto, uma hora depois, o carro desaparece. Pergunta-se para todos os vizinhos, pessoas que estejam próximas ao local, ninguém viu nada. O que fazer nesse momento? Ir até a delegacia mais próxima fazer um boletim de ocorrências. Não vou nem mencionar o fato do carro não ter seguro, ainda estar sendo pago e ser usado como veículo de trabalho, vamos para o melhor da história. Três anos depois, um telefonema: “Gostaríamos de informar que o seu carro foi guinchado na data tal, porque estava estacionado em local proibido, se o senhor quiser retirar o seu carro deve pagar 12 mil reais de diárias para o depósito.” Hein??!! Que palhaçada é essa?! Pois, a história segue. Os responsáveis pelo guincho não só não deixaram qualquer aviso no local onde estava o carro, como souberam, pouco depois de a ocorrência ter sido feita, que o carro constava como furtado. Mas, para o completo azar do dono, eles não têm obrigação de avisar isso para a Polícia! Parece uma narrativa um tanto surreal, não?! Talvez eu esteja me passando um pouco no processo criativo, mas tem mais. Depois de obter um documento que restitui o veículo ao seu proprietário de fato, ele não pode retirá-lo sem que as diárias sejam pagas, um valor, diga-se de passagem, superior ao carro no seu estado atual. A esse valor, somam-se os impostos do automóvel que não foram pagos nos últimos anos, porque o infeliz teve a péssima idéia de, durante três anos, pensar que seu carro havia sido roubado! O curioso, é que, nunca, nenhuma multa foi cobrada por estacionamento em local proibido. Bom, agora segue um processo judicial, vamos ver o que eu vou inventar pra encerrar essa história, tomara que a minha imaginação me leve a um final feliz!

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Sem sofrimento, não há romance!

Desde o ano passado, tenho um sonho que já se repetiu algumas vezes. É o meu casamento, mas o noivo eu até hoje não sei quem é. No entanto não é esse o problema, a dificuldade toda é que nunca quero entrar na igreja! Na hora bate a dúvida, o pavor, e eu resolvo não casar! Daí sempre tem alguém que tenta me convencer, já passaram alguns amigos por essa tarefa árdua, entretanto, nenhum deles até agora teve sucesso!
Lembrei desse sonho/pesadelo, porque fui ao cinema ontem, assistir Se beber, não case (The Hangover), do diretor Todd Phillips. O filme teve um orçamento baixo, em relação aos padrões hollywoodianos (só 35 milhões de dólares), mas ganhou no roteiro. A história não é lá muito original, um grupo de amigos vai festejar a despedida de solteiro de um deles em Las Vegas. A comédia não se desenrola sobre a noite que eles passaram na "Cidade Proibida", e sim na tentativa em descobrir o que aconteceu na tal noite que foi simplesmente esquecida por todos e na busca pelo noivo que desapareceu na véspera do casamento! Esse é um dos motivos que sempre me levaram a crer, que não se faz despedida de solteiro às vésperas do casamento!! No mínimo, uma semana de antecedência, pra dar tempo de os noivos aparecerem com uma cara saudável na cerimônia ou de avisar os convidados sobre o cancelamento do casamento! Bom, de volta ao que interessa, o filme é engraçado, tem bons diálogos e nenhuma estrela hollywoodiana querendo roubar a cena, o que já ajuda muito! Bom, meu sonho não parece ter muito a ver com o filme, a menos que o noivo também desista. Será? Não vou contar o final.

*Para Ana Maria
Outro filme que vi foi Romance, do Guel Arraes, com Wagner Moura e Letícia Sabatella. Aninha, se tu ainda não viste, procura! Acho que vais te apaixonar ainda mais! A narrativa tem como pano de fundo a história de Tristão e Isolda, “a origem de todos os casais românticos”, que segue a máxima “sem sofrimento, não há romance”. Será possível um amor recíproco não terminar em tragédia? Essa dúvida não está restrita a qualquer personagem, acredito que ela passe pela cabeça da maioria dos casais...

Para terminar, um filme que foi premiado no Festival de Berlim, Um herói do nosso tempo (Live and Become, 2004), do diretor Radu Mihaileanu. O título em português ficou um pouco apelativo demais pro meu gosto, mas enfim, o filme vale a pena. Em 1984 muitos judeus africanos da Etiópia são levados à Israel com a expectativa de melhores condições de vida. Na ânsia de melhores oportunidades, Shlomo, um menino cristão, é mandado pela mãe como filho de uma mulher judia, que morre logo na chegada à Israel. Ele é, então, adotado por uma família francesa. A saudade da mãe, a inadaptação àquele lugar, onde a água escorria por um buraco no chão, as pessoas dormiam em camas e a uma religião desconhecida, foram dificuldades que Shlomo passou com apenas 9 anos. Foi também nessa época que ele conheceu o preconceito, racial, étnico e religioso. "O filme coloca essa questão. Scholomo é cristão, etíope, africano e vai se tornar também judeu, israelense, francófono." Essa frase que Mihaileanu disse em entrevista à Folha Online (em março de 2006), resume a narrativa. A maneira como o personagem enfrenta todos esses desafios, ligados à identidade e aceitação, é o que impressiona no filme.

domingo, 23 de agosto de 2009

"E o passado é uma roupa que não nos serve mais"

Precisou o Belchior desaparecer pra resolverem falar no grande compositor e músico que ele é. Acabei de ver no Fantástico o "misterioso desaparecimento do artista". Soou tão estranho ouví-los falar de um "cantor da MPB" que fez sucesso há anos atrás, como se a maioria das pessoas não conhecesse o Belchior. Mas depois lembrei q, muitas vezes que me referi a ele, as pessoas que estavam a minha volta, não o conheciam. Que absurdo! Fui ao show dele no Opinião, em 2005 ou 2006, não sei a data exata, mas lembro que adorei! Quase todas as pessoas presentes sabiam as letras e cantavam ao alto e bom tom. Muitas vezes, nesses meses que estive longe do Brasil, me peguei cantanto Apenas um rapaz latino-americano, eu sei, clichê ao extremo, mas a música diz tudo: "Eu sou apenas um rapaz/Latino-Americano/Sem dinheiro no banco/Sem parentes importantes/E vindo do interior/Mas sei que nada é divino/Nada, nada é maravilhoso/Nada, nada é sagrado/Nada, nada é misterioso, não..."
Como ele mesmo disse em Velha roupa colorida, "No presente a mente, o corpo é diferente/E o passado é uma roupa que não nos serve mais", é o que a maioria das pessoas fazem, deixam o passado, o antigo guardado, longe do alcance dos olhos. Essa e Como nossos pais, ambas gravadas pela Elis, estão entre as músicas que mais gosto do Belchior, mas À Palo Seco ainda é a preferida, que ele cantou há poucos anos com os Los Hermanos:

À Palo Seco
(Belchior)

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava.
De olhos abertos, lhe direi:
- Amigo, eu me desesperava.
Sei que, assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73.
Mas ando mesmo descontente.
Desesperadamente eu grito em português:2x (bis)

- Tenho vinte e cinco anos de sonho e
De sangue e de América do Sul.
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues.
Sei, que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73.
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês.(2x)

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Mulher Maravilha!!

Outro dia me dei conta do quanto as pessoas gostam de usar esse adjetivo: maravilhoso. "Fulano é maravilhoso", "a festa estava maravilhosa". Pensei que são poucas as coisas q me maravilham, deve ser por isso que quase nunca uso essa palavra - e suas derivadas. Talvez algum lugar ou paisagem tenham me maravilhado ou momento, embora não lembre de nenhum agora.

É que me parece ser uma palavra com significado tão extraordinariamente grandioso, que não pode ser usada de maneira corriqueira. Recebi uma mensagem, algumas semanas atrás, dizendo que eu era “a pessoa mais maravilhosa do mundo!” Imaginem só, se eu fosse mesmo, deveria estar santificada em algum altar, com oferendas e agradecimentos ao redor! Vocês também não acham que é demais? Se assim fosse, eu mereceria uma travessia do Oceano Atlântico a nado, ou uma hipoteca de casa alheia pra me comprar o maior e mais maravilhoso presente de aniversário do mundo, ou então uma carta de amor, a mais ridícula e mais comprida do universo, com uns 18.122.004km. Eu já ficaria feliz com uma surpresa mais modesta, a maior e mais gostosa caixa de chocolates ou uma porção de outdoors espalhados pelas ruas com meu nome, sei lá, a pessoa mais maravilhosa de todas deve merecer coisas grandiosas desse tipo.

Mas me contento em ser uma boa pessoa, correta, com, pelos menos, um ou outro momento feliz no meu dia. Sempre fui adepta dos pequenos gestos, das palavras mais singelas, de pessoas mais contidas, me parecem mais verdadeiras. Agradeço a quem já tenha me chamado de “maravilhosa” por qualquer que seja o motivo (geralmente não sou eu, é o cabelo), mas é uma grandeza que não cabe em mim, como vocês podem imaginar.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

"Tá caindo a casa!"

Essa foi a impressão de Rodrigo Amarante e do público que lotou o Bar Opinião ontem à noite durante o show da Little Joy.
A banda subiu ao palco sob fortes aplausos da platéia, mas o som só começou a rolar uns 10 ou 15 minutos depois por problemas com o microfone da vocalista Binki Shapiro. Problemas esses que só foram totalmente solucionados lá pela metade da apresentação. As dificuldades foram amenizadas com o bom humor dos integrantes, principalmente de Fabrizio Moretti, que disse que, apesar dos problemas de som, Porto Alegre foi o melhor lugar pra eles começarem a turnê pelo Brasil! Se isso é mesmo verdade, não sei, mas ajudou a quebrar o clima que a falha na produção causou. O engraçado é que a banda que abriu, a The Dead Trees, não pareceu ter tido os mesmos problemas, mas é verdade que perdi o início do show, então...
Fora os transtornos, a apresentação da banda foi boa, num clima de show na garagem de casa: alguns com a sua garrafa ou lata de cerveja na mão, cigarro entre os dedos, todos circulando muito a vontade no palco. Ainda teve outro comentário pertinente do Amarante, o mais nativo do grupo(já que Fabrizio mora desde criança nos Estados Unidos): “Corta a caipirinha dos gringos!”, mas acho q não adiantou! Durante o show, me lembrei um pouco do Los Hermanos, não só pela presença do Rodrigo, mas pela dupla de metais no fundo do palco. Eu gosto muito de instrumentos de sopro, parece que valorizam mais a música, como em Shoulder to Shoulder.
Pontos altos da noite: Unattainable, Keep in Mind, Brand New Start, Evaporar e Procissão, do ex-ministro Gilberto Gil que fechou a apresentação da banda.

Ps: Não tirei fotos dessa vez! Nos últimos shows que fui, era tanto gelo seco no palco, que o flash sempre estourava e as fotos não prestavam pra nada! Se tirava sem flash, a falta de um tripé e a minha mão instável, me davam uma foto borrada! Portanto, a foto que ilustra o post é de divulgação da banda, e foi retirada o site lastfm.com.br

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Tempo Livre

Essa semana conversei com meu amigo Victor, sobre como o excesso e a falta de tempo parecem seguir juntos. Já é velha essa história, mas também verdadeira, quanto mais tempo nos sobra, mais ele parece escasso!

O que eu tenho feito afinal? Bom, logo que cheguei fui pro show da Maria Rita, no Teatro do Bourbon Country, um espaço novo pra mim, não conhecia. Gostei bastante (do local e do show), ela contou não só músicas do novo disco, Samba Meu, mas também canções dos cds antidos com arranjos diferentes. Durante a apresentação, ela falou da preocupação que teve em o público gaúcho não gostar deste novo trabalho que traz apenas sambas. Até parece que gaúcho não gosta de samba!!! Lupicínio era gaúcho, cantava dor de cotovelo em ritmo de samba canção! Mas como ela mesma disse, depois de cinco apresentações aqui no Estado, já se convenceu da aceitação.

No final de semana passado, fui ao Margs, ver a exposição sobre o Realismo Francês entre 1860 e 1960. Confesso que fiquei impressionada, achei que seria uma mostra pequena, mas não, é extensa em muito bem organizada. Me surpreendi em saber que maioria das obras estão no Brasil, no Masp, em São Paulo. É possível ver o trabalho de grandes nomes internacionais como Renoir, Monet, Manet, Picasso, Miró, Van Gogh e também nacionais como Portinari, Iberê Camargo, Tarsila do Amaral, Anita Malfati entre outros.

Na última semana assisti a um filme muito bom. Eu tinha visto o trailler alguns meses atrás, mas acabei não indo ao cinema vê-lo, enfim, o nome é O Visitante, do diretor e roteirista Thomas McCarthy. A história é de um professor, que está sempre muito ocupado, embora não tenha nada pra fazer. Qualquer semelhança é mera coincidência! A vida dele começa a ganhar algum sentido depois que ele conhece um casal de imigrantes ilegais, um sírio e uma senegalesa, que lhe apresentam um ritmo e uma vida novos. Um filme bonito.

Ah, também revi (é assim, não?! Ainda não terminei de estudar a nova gramática q comprei!) um dos melhores filmes que já vi: O menino de pijama listrado. É baseado no livro de John Boyne. Além de ser um dos melhores, é também um dos mais tristes. Lembro que vi esse filme na Espanha, com meu irmão. Ele já havia lido o livro, e eu fui sem muita informação, só sabia que era um filme sobre nazismo, nada mais. Pô, fiquei sem reação no final do filme. Vale a penar ver.
Fora isso, também faço planos. Por exemplo, amanhã vou ao show da Little Joy, a banda que é formada pelo Amarante, do Los Hermanos, o Fabrizio Moretti, do The Strokes e a namorada dele, Binki Shapiro. Gosto do cd deles, espero que a apresentação também convença. Unattainable e Keep me in Mind são das músicas que mais gosto.

E no dia 27, vou FINALMENTE assistir Tangos e Tragédias!!! Há anos me programo pra ir, mas por algum motivo, nunca fui. Eles apresentaram a peça em Lisboa esse ano, uma semana depois de eu ir embora!! Mas agora sim, eu vou, ingresso comprado! Mesmo sem ter ido, eu recomendo, a temporada em comemoração aos 25 anos da peça estará no São Pedro do final de agosto ao início de setembro, no site do teatro tem todas as informações.