segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Viagem a Portugal



Actualização!
Para aqueles que não sabem, sou gaúcha, jornalista e gremista. Há pouco mais de um ano moro em Lisboa. Faço Mestrado em Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa. Como toda a universidade pública, muito desorganizada, mas gosto de lá. Os créditos já estão feitos, agora só falta a tal dissertação! Era só pra apresentar o texto que segue, o primeiro que escrevi do ládo de cá do oceano!

"Viagem a Portugal"
Para aqueles que quiserem me acusar de plágio, desde já me antecipo dizendo: é cópia mesmo, descarada do livro do Saramago. Outra confissão é que não consigo terminar esse livro! A idéia era lê-lo antes da viagem começar, pra que eu pudesse, a partir da narração dos lugares, buscar as paisagens descritas. No entanto, a ansiedade impediu a leitura e a descoberta desses sítios se tornou uma grata surpresa que acontece a cada dia. Talvez daqui alguns anos, quando não estiver mais em terras lusitanas, eu consiga ler estas páginas e fazer a viagem de volta. Mas o assunto aqui é outro. Passados dois meses da minha chegada, essa é a primeira vez que páro para compor em palavras tudo aquilo que tenho experimetado. Pode até parecer presunção minha, mas a cada dia me sinto mais orgulhosa das minhas capacidades de desprendimento, adaptação e relacionamento. A primeira parada foi o albergue. Pessoas diferentes no mesmo quarto todos os dias. Nunca me passou pela cabeça ter que traduzir pro ingês uma briga entre uma francesa e uma portuguesa que acordavam em horários diferentes! Ou mesmo fazer uma amiga portuguesa interessada em cinema brasileiro que me abriu um sorriso acolhedor quando ao redor eu só via estranhos. Ainda tiveram os amigos que jogaram sinuca comigo na minha primeira noite em Lisboa; e os que jogaram na noite seguinte. É incrível como passados apenas alguns dias, todo aquele sentimento gerado pela antipatia que recebi por parte de alguns nativos, já parece ter desaparecido. A faculdade. A primeira aula. A ansiedade. Ainda resta um pouco do desapontamento com a recepção dos colegas, pouco calorosa. Mas valeu um sorrido. Uma nova amiga, que me acolheu, amparou e recebeu. Foi como se em alguns minutos eu estivesse em casa. Pessoas, risadas, reclamações, barulho. As vezes a gente esquece que o barulho é importante e que poder ficar em silêncio,mas com alguém sentado ao lado, é uma questão de sobrevivência. Acabei voltando a minha atenção pra aquilo que é realmente necessário. Pelo menos nesse momento. Esperar alguém tomar banho, lavar uma pilha imensa de louça, varrer, limpar ou mesmo montar uma árvore de natal com pessoas que conheço a mesmo de 60 dias se tornaram obrigações agradaveis. As descobertas sempre trazem coisas boas. Andar por uma rua nunca antes imaginada. Ou conversar por horas com um melhor amigo recém feito. Abraçar alguém. Mas ainda com receio de q o abraço seja forte demais. É o mais incrível em qualquer viagem, conhecer pessoas! As paisagens são bonitas, conviver com outra cultura é muitas vezes indescritivel, mas a possibilidade de descobrir pessoas e tudo aquilo que cada uma delas pode trocar comigo, é o que mais me instiga. A contemplação se torna muito mais prazeirosa quando se pode dividir as sensações com outros. Mas é preciso estar aberto a esses novos relacionamentos sem julgar ou buscar aquilo que, porventura, tenha ficado pra trás. Talvez porque seja final de ano, e nessa época geralmente ficamos mais melancólicos, eu tenha me sentido à vontade pra começar a escrever algumas linhas. Me despeço de mim mesma, esperando caminhos felizes pra essa viagem que não quero que acabe tão cedo.
17 de dezembro de 2007

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