sábado, 24 de abril de 2010

Depois de Hollywood e Bollywood, é a vez del Cine Argentino


Embora não muito divulgado (fora do circuito América Latina e Espanha), o cinema produzido pela Argentina tem crescido prodigiosamente. O Oscar de Melhor Filme Estrangeiro concedido este ano ao emocionante “El secreto de sus ojos”, de Juan José Campanella, não foi surpresa. Alheios à insistente comparação com o cinema brasileiro - feita por muitos críticos -, as películas produzidas pelo país vizinho melhoram a cada ano não só nos quesitos técnicos, mas também nas escolhas das histórias.

No caso desse último filme premiado, o diretor repete a parceria com o ator Ricardo Darín. Os dois haviam trabalhado juntos em “El hijo de la novia”, também indicado ao Oscar de 2001, “Luna de Avellaneda”, 2004 e em “El mismo amor, la misma lluva”, 1999, em que Darín fez par com Soledad Villamil , atriz com quem contracena em “El secreto”.

O roteiro de “El secreto de sus ojos” traz a história de um recém aposentado que procura preencher seu novo tempo ocioso ao escrever um livro. O tema que Benjamim Espósito escolheu para estrear nas artes literárias é caso judicial no qual trabalhou na década de 70: uma jovem violentada e morta em casa. A essa lembrança juntam-se outras que fizeram parte da sua vida, como a de um amor mal resolvido, de uma amizade perdida e de um marido desolado.

Passados 25 anos, parece que tudo aquilo aconteceu noutra vida, guardado num passado distante. Entretanto, ao mexer em lembranças, até então adormecidas, Espósito se dá conta de que de a vida é a mesma e continua a correr. De repente, é preciso lidar com uma investigação a ser concluída, uma história a ser contada, sentimentos confusos que afloram e, dessa vez, nada pode ser ignorado.

Quanto tempo pode durar um amor? Ou, quantas vezes somos desmentidos pelos nossos olhos? Quantas vezes nossos segredos são revelados, sem que possamos controlar, através de um olhar? São sutilezas desse tipo que o filme, que é baseado no romance homônimo de Eduardo Sacheri, nos leva a refletir. “El secreto” também recebeu o Goya, premiação anual do cinema espanhol, de melhor filme hispanoamericano e atriz revelação para Soledad Villamil.

A película é a segunda a dar o Oscar de filme estrangeiro ao país. O primeiro foi “La história oficial”, de Luis Puenzo em 1986. Em entrevista concedida depois da premiação, em Buenos Aires, o protagonista Ricardo Darín afirmou que os concorrentes eram excelentes, entretanto, o que os diferenciou dos demais foi o humor. E, de fato, surpreende essa aparente vocação dos argentinos para fazer rir. Filmes como “Tiempo de Valientes”, 2005, “Nueve Reinas”, 2000 (que agradou tanto a ponto de receber uma versão hollywoodiana), “Cleopatra,” 2003, e “Valentim,” 2003 (isso para citar apenas os que assisti), tem em comum uma boa história, envolvente e regadas com um humor leve que acompanham a narrativa.

No portal oficial do país (www.cine.ar) é possível acessar um concurso que está elegendo os 10 filmes representativos do centenário do cinema argentino (1909-2009). Em primeiro lugar está o “Nueve Reinas”, de Fabián Bielinsky e estrelado também por Ricardo Darín, sem dúvida, o principal ator do cinema contemporâneo produzido pelo país. Em 2004 o filme recebeu um remake americano, “Criminal” dirigido por Gregory Jacobs e teve a participação do mexicano Diego Luna no papel de suposto aprendiz de golpista. Especulações à parte, é fato que o original sempre supera a cópia. Para votar na seleção basta fazer cadastro no site.

Março de 2010

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