quarta-feira, 26 de novembro de 2008

ausência


Tenho estado um pouco ausente. Eu sei. Meu tempo anda restrito, trabalho, leituras, visitas, passeios. E eu canso…. Minha mãe tinha mania de dizer (faz tempo q ela não diz) que eu já nasci cansada. Meu mal é de nascença!! Mas enfim….o que será q eu tenho pra contar…o inverno finalmente chegou, faz frio em Lisboa! Gosto da luz do inverno, ela é mais suave, o tempo tb parece q fica mais devagar, parece tudo mais lento. Como se a calmaria chegasse depois de muita turbulência. O andar na rua é sem pressa, o comer é comedido e há a sensação de que falta alguma coisa. Que ausência será essa? Não consigo lembrar do que seja! Me perco em lembranças procurando aquilo que eu deveria saber o que é, mas não sei. Confuso isso, não?! É só uma sensação que tenho, como tantas outras guardadas no peito, já pequeno para todas! Gosto de ver as folhas cobrindo as calçadas, os galhos cada dia mais secos. As árvores também devem sentir falta de alguma coisa nesse período! Me ocorreu agora que soa estranho comparar pessoas e plantas! Bom, mas é assim que as coisas funcionam, pelo menos comigo e provavelmente com mais três ou quatro companheiros de sensações! Na verdade ainda estamos no outono. Lembro de um que passei em terras longínquoas, e gostava de ver o sol incidindo nas folhas de cor avermelhada! Já nessa época, sentia a mesma ausência que sinto hoje. Drummond me ajudou a entender o porquê…

Por muito tempo achei que ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba de mim.

Carlos Drummond de Andrade

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Ju,
adorei esta questão da permanência da ausência, como explica o poeta mario, não importa que a tenham demolido: A gente continua morando na velha casa em que nasceu.
um beijo Ju...

Sérgio Valentim