
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
A vida dos outros

quarta-feira, 21 de outubro de 2009
366 dias!
Obrigada!
domingo, 4 de outubro de 2009
Gracias a la vida
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en el alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el oído que en todo su ancho
Graba noche y día grillos y canarios
Martirios, turbinas, ladridos, chubascos
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él, las palabras que pienso y declaro
Madre, amigo, hermano
Y luz alumbrando la ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con ellos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montañas y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me dio el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias a la vida, gracias a la vida
http://www.youtube.com/watch?v=WyOJ-A5iv5I
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Disfarce
Sonhar é acordar-se para dentro:
de súbto me vejo em pleno sonho
e no jogo em que todo me concentro
mais uma carta sobre a mesa ponho.
Mais outra! É o jogo atroz do Tudo ou Nada!
E quase que escurece a chama triste...
E, a cada parada uma pancada,
o coração, exausto, ainda insiste.
Insiste em quê? Ganhar o quê? De quem?
O meu parceiro... eu vejo que ele tem
um riso silencioso a desenhar-se
numa velha caveira carcomida.
Mas eu bem sei que a morte é seu disfarce...
Como também disfarce é a minha vida!
Mário Quintana
sábado, 12 de setembro de 2009
"Ó meu gentil Romeu"

O que faltou para casais como Tristão e Isolda, Romeu e Julieta e tantos outros foi tempo, para que vivessem um pouco mais daquele amor. E se tempo tivessem, será que teriam a paciência, a persistência para viverem mais de 80 anos juntos? Será que o amor de Tristão e Isolda teria durado para além dos três anos que a poção do amor lhes permitia?
Numa passagem do texto de Shakespeare, Julieta, insegura como toda mulher apaixonada, pede a Romeu que se declare: “Ó meu gentil Romeu! Se amas, proclama-o com sinceridade; ou se pensas, acaso, que foi fácil minha conquista, vou tornar-me ríspida, franzir o sobrecenho e dizer "não", porque me faças novamente a corte.”
E também ela fala de seus sentimentos: “Belo Montecchio, é certo: estou perdida, louca de amor; daí poder pensares que meu procedimento é assaz leviano; mas podeis crer-me, cavalheiro, que hei de mais fiel mostrar-me do que quantas têm bastante astúcia para serem cautas.”
Esse tipo de comportamento, hoje, não é muito bem-vindo para a maioria. Qualquer um que exponha demais seus sentimentos assusta aos demais, não tem o mesmo valor que tivera outrora. As relações, de uma maneira geral, parecem ter se tornado mais superficiais, não há muita preocupação o outro. Mas também é verdade que, mesmo naqueles tempos de romantismo, amores eram construídos e desfeitos num estalar de dedos.
Até a noite do baile, em que Romeu conheceu e se apaixonou por Julieta, seu coração estava sob os cuidados da “bela Rosalina”, a ponto de o Frei Lourenço assustar-se ao saber daqueles novos sentimentos: “Por São Francisco! Que mudança é essa? Rosalina adorada e tão depressa posta no esquecimento? O coração no amor dos moços nada influi, senão somente os olhos.”Como julgar um novo amor? Ou um antigo ou futuro? Será que só podemos encontrar um verdadeiro amor ao longo da vida? Tenho medo de descobrir que, por fim, não haverá nenhum.
Acredito que seja muito mais fácil viver um amor fugaz, intenso, rápido e trágico. Ouvi outro dia alguém dizer numa entrevista, como é mais fácil trocar de parceiro do que manter um relacionamento longo. Saber satisfazer a mesma pessoa todos os dias, se reinventar a cada manhã para poder renovar uma vida a dois é muito mais complicado do que viver sempre apenas o frisson dos primeiros meses. Não desmereço as lindas histórias que viveram Isolda e Tristão, Julieta e Romeu, mas imagino o quão bela e difícil deva ter sido manter uma união por tanto tempo como conseguiu o casal centenário. Eles poderiam ter desistido aos primeiros sinais de turbulência, buscado outro par, mas fizeram outra escolha. Gosto de pensar que teria acontecido o mesmo com os casais lendários, se eles tivessem tido tempo de viver o seu amor.
ps: Para aqueles que pensam que tempo não lhes falta e se “Inês ainda não for morta”, vale uma frase de Guimarães Rosa, autor que também criou um casal cuja convivência foi interrompida muito cedo: “Quem muito se evita, se convive.”
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Até breve!


sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Notícias (quase) inúteis
O ex-presidente Fernando Collor de Melo foi eleito imortal da Academia Alagoana de Letras (AAL), mesmo sem ter publicado nenhum livro. A instituição aceitou os artigos e discursos publicados pelo, hoje, senador, como material suficiente para sua eleição. A posse está prevista pra outubro. Hein? Me nego a falar no assunto, só queria dividir a informação e, espero, a indignação com alguém.
Embora a cesta básica tenha ficado mais barata em nove capitais, a mais cara do Brasil continua sendo a de Porto Alegre, por R$ 238,67. O valor pago pelos gaúchos é 70 reais a mais do que a cesta mais barata que é de Aracaju. ( Dados do Dieese - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos)
Retiraram do ar o Jornal Nacional de Sexta (TVI), que era apresentado pela Manuela Moura Guedes, jornalista portuguesa conhecida por seus comentários críticos (e sua boca protuberante). Eu me divertia muito assistindo a esse jornal, as causas do cancelamento parece q ainda estão sendo esclarecidas, mas posso imaginar algumas delas... (Informações dos jornais Público e Diário de Notícias)
sábado, 29 de agosto de 2009
Espera...
Em “Últimos dias”, Drummond diz:
“O tempo de despedir-me e contar
que não espero outra luz além da que nos envolveu
dia após dia, noite em seguida a noite, fraco pavio,
pequena ampola fulgurante, facho, lanterna, faísca,
estrelas reunidas, fogo na mata, sol no mar,
mas que essa luz basta, a vida é bastante, que o tempo
é boa medida, irmãos, vivamos o tempo.”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética. Relógio D´Água Editores, Lisboa, 2007.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Legítimo, "Azar o teu!"
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Sem sofrimento, não há romance!

Lembrei desse sonho/pesadelo, porque fui ao cinema ontem, assistir Se beber, não case (The Hangover), do diretor Todd Phillips. O filme teve um orçamento baixo, em relação aos padrões hollywoodianos (só 35 milhões de dólares), mas ganhou no roteiro. A história não é lá muito original, um grupo de amigos vai festejar a despedida de solteiro de um deles em Las Vegas. A comédia não se desenrola sobre a noite que eles passaram na "Cidade Proibida", e sim na tentativa em descobrir o que aconteceu na tal noite que foi simplesmente esquecida por todos e na busca pelo noivo que desapareceu na véspera do casamento! Esse é um dos motivos que sempre me levaram a crer, que não se faz despedida de solteiro às vésperas do casamento!! No mínimo, uma semana de antecedência, pra dar tempo de os noivos aparecerem com uma cara saudável na cerimônia ou de avisar os convidados sobre o cancelamento do casamento! Bom, de volta ao que interessa, o filme é engraçado, tem bons diálogos e nenhuma estrela hollywoodiana querendo roubar a cena, o que já ajuda muito! Bom, meu sonho não parece ter muito a ver com o filme, a menos que o noivo também desista. Será? Não vou contar o final.
*Para Ana Maria
Outro filme que vi foi Romance, do Guel Arraes, com Wagner Moura e Letícia Sabatella. Aninha, se tu ainda não viste, procura! Acho que vais te apaixonar ainda mais! A narrativa tem como pano de fundo a história de Tristão e Isolda, “a origem de todos os casais românticos”, que segue a máxima “sem sofrimento, não há romance”. Será possível um amor recíproco não terminar em tragédia? Essa dúvida não está restrita a qualquer personagem, acredito que ela passe pela cabeça da maioria dos casais...
Para terminar, um filme que foi premiado no Festival de Berlim, Um herói do nosso tempo (Live and Become, 2004), do diretor Radu Mihaileanu. O título em português ficou um pouco apelativo demais pro meu gosto, mas enfim, o filme vale a pena. Em 1984 muitos judeus africanos da Etiópia são levados à Israel com a expectativa de melhores condições de vida. Na ânsia de melhores oportunidades, Shlomo, um menino cristão, é mandado pela mãe como filho de uma mulher judia, que morre logo na chegada à Israel. Ele é, então, adotado por uma família francesa. A saudade da mãe, a inadaptação àquele lugar, onde a água escorria por um buraco no chão, as pessoas dormiam em camas e a uma religião desconhecida, foram dificuldades que Shlomo passou com apenas 9 anos. Foi também nessa época que ele conheceu o preconceito, racial, étnico e religioso. "O filme coloca essa questão. Scholomo é cristão, etíope, africano e vai se tornar também judeu, israelense, francófono." Essa frase que Mihaileanu disse em entrevista à Folha Online (em março de 2006), resume a narrativa. A maneira como o personagem enfrenta todos esses desafios, ligados à identidade e aceitação, é o que impressiona no filme.
domingo, 23 de agosto de 2009
"E o passado é uma roupa que não nos serve mais"
Como ele mesmo disse em Velha roupa colorida, "No presente a mente, o corpo é diferente/E o passado é uma roupa que não nos serve mais", é o que a maioria das pessoas fazem, deixam o passado, o antigo guardado, longe do alcance dos olhos. Essa e Como nossos pais, ambas gravadas pela Elis, estão entre as músicas que mais gosto do Belchior, mas À Palo Seco ainda é a preferida, que ele cantou há poucos anos com os Los Hermanos:
À Palo Seco
(Belchior)
Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava.
De olhos abertos, lhe direi:
- Amigo, eu me desesperava.
Sei que, assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73.
Mas ando mesmo descontente.
Desesperadamente eu grito em português:2x (bis)
- Tenho vinte e cinco anos de sonho e
De sangue e de América do Sul.
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues.
Sei, que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 73.
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês.(2x)
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Mulher Maravilha!!
É que me parece ser uma palavra com significado tão extraordinariamente grandioso, que não pode ser usada de maneira corriqueira. Recebi uma mensagem, algumas semanas atrás, dizendo que eu era “a pessoa mais maravilhosa do mundo!” Imaginem só, se eu fosse mesmo, deveria estar santificada em algum altar, com oferendas e agradecimentos ao redor! Vocês também não acham que é demais? Se assim fosse, eu mereceria uma travessia do Oceano Atlântico a nado, ou uma hipoteca de casa alheia pra me comprar o maior e mais maravilhoso presente de aniversário do mundo, ou então uma carta de amor, a mais ridícula e mais comprida do universo, com uns 18.122.004km. Eu já ficaria feliz com uma surpresa mais modesta, a maior e mais gostosa caixa de chocolates ou uma porção de outdoors espalhados pelas ruas com meu nome, sei lá, a pessoa mais maravilhosa de todas deve merecer coisas grandiosas desse tipo.
Mas me contento em ser uma boa pessoa, correta, com, pelos menos, um ou outro momento feliz no meu dia. Sempre fui adepta dos pequenos gestos, das palavras mais singelas, de pessoas mais contidas, me parecem mais verdadeiras. Agradeço a quem já tenha me chamado de “maravilhosa” por qualquer que seja o motivo (geralmente não sou eu, é o cabelo), mas é uma grandeza que não cabe em mim, como vocês podem imaginar.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
"Tá caindo a casa!"

A banda subiu ao palco sob fortes aplausos da platéia, mas o som só começou a rolar uns 10 ou 15 minutos depois por problemas com o microfone da vocalista Binki Shapiro. Problemas esses que só foram totalmente solucionados lá pela metade da apresentação. As dificuldades foram amenizadas com o bom humor dos integrantes, principalmente de Fabrizio Moretti, que disse que, apesar dos problemas de som, Porto Alegre foi o melhor lugar pra eles começarem a turnê pelo Brasil! Se isso é mesmo verdade, não sei, mas ajudou a quebrar o clima que a falha na produção causou. O engraçado é que a banda que abriu, a The Dead Trees, não pareceu ter tido os mesmos problemas, mas é verdade que perdi o início do show, então...
Fora os transtornos, a apresentação da banda foi boa, num clima de show na garagem de casa: alguns com a sua garrafa ou lata de cerveja na mão, cigarro entre os dedos, todos circulando muito a vontade no palco. Ainda teve outro comentário pertinente do Amarante, o mais nativo do grupo(já que Fabrizio mora desde criança nos Estados Unidos): “Corta a caipirinha dos gringos!”, mas acho q não adiantou! Durante o show, me lembrei um pouco do Los Hermanos, não só pela presença do Rodrigo, mas pela dupla de metais no fundo do palco. Eu gosto muito de instrumentos de sopro, parece que valorizam mais a música, como em Shoulder to Shoulder.
Pontos altos da noite: Unattainable, Keep in Mind, Brand New Start, Evaporar e Procissão, do ex-ministro Gilberto Gil que fechou a apresentação da banda.
Ps: Não tirei fotos dessa vez! Nos últimos shows que fui, era tanto gelo seco no palco, que o flash sempre estourava e as fotos não prestavam pra nada! Se tirava sem flash, a falta de um tripé e a minha mão instável, me davam uma foto borrada! Portanto, a foto que ilustra o post é de divulgação da banda, e foi retirada o site lastfm.com.br
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Tempo Livre
O que eu tenho feito afinal? Bom, logo que cheguei fui pro show da Maria Rita, no Teatro do Bourbon Country, um espaço novo pra mim, não conhecia. Gostei bastante (do local e do show), ela contou não só músicas do novo disco, Samba Meu, mas também canções dos cds antidos com arranjos diferentes. Durante a apresentação, ela falou da preocupação que teve em o público gaúcho não gostar deste novo trabalho que traz apenas sambas. Até parece que gaúcho não gosta de samba!!! Lupicínio era gaúcho, cantava dor de cotovelo em ritmo de samba canção! Mas como ela mesma disse, depois de cinco apresentações aqui no Estado, já se convenceu da aceitação.
No final de semana passado, fui ao Margs, ver a exposição sobre o Realismo Francês entre 1860 e 1960. Confesso que fiquei impressionada, achei que seria uma mostra pequena, mas não, é extensa em muito bem organizada. Me surpreendi em saber que maioria das obras estão no Brasil, no Masp, em São Paulo. É possível ver o trabalho de grandes nomes internacionais como Renoir, Monet, Manet, Picasso, Miró, Van Gogh e também nacionais como Portinari, Iberê Camargo, Tarsila do Amaral, Anita Malfati entre outros.
Na última semana assisti a um filme muito bom. Eu tinha visto o trailler alguns meses atrás, mas acabei não indo ao cinema vê-lo, enfim, o nome é O Visitante, do diretor e roteirista Thomas McCarthy. A história é de um professor, que está sempre muito ocupado, embora não tenha nada pra fazer. Qualquer semelhança é mera coincidência! A vida dele começa a ganhar algum sentido depois que ele conhece um casal de imigrantes ilegais, um sírio e uma senegalesa, que lhe apresentam um ritmo e uma vida novos. Um filme bonito.
Ah, também revi (é assim, não?! Ainda não terminei de estudar a nova gramática q comprei!) um dos melhores filmes que já vi: O menino de pijama listrado. É baseado no livro de John Boyne. Além de ser um dos melhores, é também um dos mais tristes. Lembro que vi esse filme na Espanha, com meu irmão. Ele já havia lido o livro, e eu fui sem muita informação, só sabia que era um filme sobre nazismo, nada mais. Pô, fiquei sem reação no final do filme. Vale a penar ver.
Fora isso, também faço planos. Por exemplo, amanhã vou ao show da Little Joy, a banda que é formada pelo Amarante, do Los Hermanos, o Fabrizio Moretti, do The Strokes e a namorada dele, Binki Shapiro. Gosto do cd deles, espero que a apresentação também convença. Unattainable e Keep me in Mind são das músicas que mais gosto.
E no dia 27, vou FINALMENTE assistir Tangos e Tragédias!!! Há anos me programo pra ir, mas por algum motivo, nunca fui. Eles apresentaram a peça em Lisboa esse ano, uma semana depois de eu ir embora!! Mas agora sim, eu vou, ingresso comprado! Mesmo sem ter ido, eu recomendo, a temporada em comemoração aos 25 anos da peça estará no São Pedro do final de agosto ao início de setembro, no site do teatro tem todas as informações.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Cedo ou tarde
Ontem me esforcei pra ficar acordada um pouco mais, assisti ao Programa do Jô. A entrevista da noite foi com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. O tema, a tal gripe. Quando o Jô começou a falar sobre a cultura dos gaúchos de tomar chimarrão ser um dos motivos pelos quais há muitos casos da doença no Rio Grande do Sul, desisti. Preferi dormir e respeitar meus antigos horários.
A sensação é de que nos últimos dois anos, as coisas não mudaram muito. Continua tudo igual, como se eu tivesse passado um mês longe daqui. Mas se perguntarem, o que deveria ser diferente, não saberia responder. Eu também continuo a mesma, embora um pouco diferente.
Ainda tenho que encontrar alguns amigos, contar sobre a minha vida, ouvir sobre as suas, trocar lembranças e seguir o inverno... O poema do dia é da Cecília. Talvez eu já o tenha reproduzido noutro dia, não lembro, mas isso pouco importa.
Serenata (Cecília Meireles)
" ... Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo ... "
sábado, 25 de julho de 2009
Sin sentir sintiendo
A música que segue é do Vitor Ramil, pra quem não conhece, um compositor e cantor gaúcho.
MILONGA
Vitor Ramil
poema do folclore Uruguaio
Digo que siento desvelo
Digo que siento aflicción
Digo de corazón
Digo que llorar no puedo
Digo que en mi triste suelo
Digo que padezco, si
Digo que puesto a sufrir
Digo que dentro de un lecho
Digo que dentro ‘e mi pecho
SIENTO Y NO SIENTO SENTIR
Salvo estoy de mi entender
Salvo de hacer exigencias
Salvo de correspondencia
Salvo me tiene un deber
Salvo de todo placer
Salvo estoy porque comprendo
Salvo de una dicha vengo
Salvo de un buen porvenir
Salvo vivo de morir
DE UN SENTIMIENTO QUE TENGO
Quisiera que el más cantor
Quisiera un consejo darme
Quisiera nunca acordarme
Quisiera tener valor
Quisiera en este dolor
Quisiera hacer dividir
Quisiera para vivir
Quisiera el alma serena
Quisiera apartar las penas
QUE HE SENTIDO SIN SENTIR
Tengo en el sentido valor
Tengo cambiado el pesar
Tengo que recuperar
Tengo la esperanza en Dios
Tengo en este gran dolor
Tengo el alma batiendo
Tengo que vivir sufriendo
Tengo una pequeña duda
Tengo en mi mente segura
QUE ESTOY SIN SENTIR SINTIENDO
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Amsterdam
A alusão à legalidade do uso de maconha estão por todos os lados, numa infinidade de produtos à venda. O conhecido bairro vermelho, onde mulhres dançam em vitrines, é um pouco deprimente, mas faz parte da cultura da cidade.
Os museus foram certamente o ponto alto dos dias q passei lá: o Rijksmuseum, com obras de Rembrandt e Vermeer e o Van Gogh Museum.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Terapia Rodriguiana
Dois ou três contos por dia são suficientes pra deixar muito terapeuta no chinelo!!
"A dama do lotação" ou "Uma senhora honesta", além de proporcionarem uma leitura engraçada, os textos dizem muito da natureza humana.
É batata!
quinta-feira, 2 de julho de 2009
A sapiência do elefante
"...como diz a filosofia do elefante, se não pode ser, não pode ser."(p.54)
"A dura experiência da vida tem-nos mostrado que não é aconselhável confiar demasiado na natureza humana, em geral."(p.55)
"O destino, quando lhe dá para aí, é capaz de escrever por linha tortas e torcidas tão bem como deus, ou melhor ainda."(p.56)
"Como o boieiro (o cara q cuida dos bois) não sabia cavalgar, um caso flagrante, como se vê, das consequências negativas de uma excessiva especialização profissional, içou-se com dificuldade para a garupa do cavalo do sargento e lá foi, rezando, numa voz que ele próprio mal conseguia ouvir, um interminável padre-nosso, oração da sua especial estima por aquilo que se diz de perdoar as dívidas." (p.58)
"Não é verdade que o céu seja indiferente às nossas preocupações e anseios. O céu está constantemente a enviar-nos sinais, avisos, e se não dizemos bons conselhos é porque a experiência de um lado e do outro, isto é, a dele e a nossa, já demonstrou que não vale a pena esforçar a memória, que todos a temos mais ou menos fraca." (p.67)
"Fez plof e sumiu-se. Há onomatopéias providenciais." (p.94)
Leitura divertida......bom, sou um pouco suspeita, gosto da escrita do Saramago. Já foi assunto de um post o quanto gostei de Ensaio sobre a Cegueira; e As intermitências da morte tem um dos melhores começos e finais de livro q já li!
Veremos o que acontece no dia seguinte!
SARAMAGO, José. A Viagem do Elefante, Editora Caminho, Lisboa, 2008.
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Itália
Claro que visitei várias igrejas, o que vai me permitir um lugar privilegiado no paraíso, ainda mais que tive q pagar pra ver a Cappella Sistina! Mas Michelangelo valeu o dinheiro gasto, é o máximo aquele teto! Em Milão, a Galleria Vittorio Emanuelle enlouquece qualquer um, por menos consumista que seja; em Florença, a Galleria Uffizi tem uma coleção de dar inveja, com Botticelli, Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Caravaggio e tantos outros. Em Padova (assim a chamo por causa da Veri, em português é Pádua), além da tão aclamada Basílica de Santo António, obras de Donatelo e uma torre, de onde Galileo Galilei costumava olhar o céu com seu telescópio!
Viagem enriquecedora!
quinta-feira, 11 de junho de 2009
Diário de uma viajante cansada!
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Os ombros suportam o mundo
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Carlos Drummond de Andrade
sexta-feira, 29 de maio de 2009
Destinado a......
Acho simplista demais acreditar em qualquer tipo de predestinação, mas se isso realmente não existir, que simplória será a nossa existência!! O mistério da vida é que nos permite ter aquele frio na barriga, ninguém sabe o que acontece antes ou depois, tampouco controlamos o que ocorre no agora. Mas será que alguém o faz?!
Pois bem, há dias em que acredito que sim, há algum propósito, uma razão qualquer e que sim, estou destinada a fazer algo, sei lá, qualquer coisa, só não sei qual, ainda. Ou melhor,se existe mesmo eu já devo estar vivendo meu destino… todas as minhas decisões, devem ser reflexo daquilo que de alguma forma foi anteriormente determinado. Mas eu também devo poder alterar esse destino, ou será q não?!
Será que se fizer meu mapa astral ajuda? Meus conhecimentos astrológicos se limitam ao horóscopo, não sei o quanto além eu consigo ir…. Bom, era isso, espero que haja alguém com quem compartilhar as minhas dúvidas. Vou seguir dividindo meus dias entre o ceticismo e a crença em “algo maior”.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Tanto mar...
No retrato que me faço
no final, que restará?
DO AMOROSO ESQUECIMENTO
Eu, agora - que desfecho!
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Absurdo!!!!
Bom, eu faço boicote! Já tenho uma lista com três companhias q eu não vôo mais! Daqui uns dias vou ter q me limitar a trens e ônibus!!!
terça-feira, 12 de maio de 2009
Acordar
Antigamente acordava sem sensação nenhuma; acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei-de fazer das minhas sensações
Não sei o que hei-de fazer comigo sozinho.
Quero que ele me diga qualquer coisa para eu acordar de novo."
Alberto Caeiro
sexta-feira, 8 de maio de 2009
De malas e bagagem!
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Allgarve
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Aluga-se um namorado?!

sábado, 25 de abril de 2009
There will always be Paris
sábado, 11 de abril de 2009
Filmes
Gran Torino, Clint Eastwood - Um veterano de guerra mora sozinho e acaba se envolvendo com os vizinhos, imigrantes Hmong (do sudeste da Asia). Apesar da cara carrancuda de Clint na atuação de um velho amargurado e solitário, o filme acaba sendo leve, principalmente pelas personagens Sue e Thao, vividos, respectivamente, por Ahney Her e Bee Vang. Bom filme, mas realmente, acho q não valia o Oscar que Clint tanto queria.
Che (1ª parte), Steven Soderbergh - O filme começa na cidade do México, numa reunião em casa de Fidel sobre os planos de mudanças para Cuba, para então mostrar a consquista da Ilha, concretizada em janeiro de 1959. Trechos da visita de Ernesto "Che" Guevara a sede das Nações Unidas em 1964 completam a narrativa. Excelente orador! Na segunda parte, que ainda não vi, segue o que resta da história do guerrilheiro, até o seu final, na Bolívia. Quero terminar de vê-la.
O Leitor, Stephen Daldry - O drama de um adolescente apaixonado por uma mulher mais velha, se transforma num drama de consciência ainda maior. Uma jovem mulher simples (na maneira de ser e de pensar) julga que cumprir ordens é parte fundamental do seu trabalho e é capaz de assumir uma culpa por vergonha de assumir sua ignorância. O filme é denso, mas capaz de algumas sutilezas, como as fitas com gravação de livros que são enviadas. Kate Winslet mereceu o Oscar de melhor atriz, e Ralph Fiennes faz um ótimo distinto arrependido.
Slumdog Millionaire, Danny Boyle - O indiano mais aclamado de todos os tempos! Jamal Malik, vivido por Dev Patel participa de um programa de perguntas que pode torná-lo milionário, mas a pergunta q alguns se fazem é, como um auxiliar de telemarketing e sem estudo pode saber tantas respostas? A resposta é a vida de Jamal. Excelente filme, incluindo a coreografia!
São os últimos q assisti no cinema. Recomendo todos!
segunda-feira, 30 de março de 2009
A despedida da saudade
"Eu não quero q tu vás!", é inútil dizer e pedir, mas se não o fizer, em algum momento te arrependerás! (acreditem, acontece) "Devolva o neruda que você me tomou, e nunca leu", a frase é do Chico, mas o sentimento é mesmo esse, talvez em medidas não tão dramáticas quanto o resto da música (trocando em miúdos). "Quer saber, já vai tarde"!!!! Isso é quando já passou da fase de negação para a agressividade, não necessariamente física. Há quem precise se tornar uma pessoa mais calma e serena, aprender a dizer "tchau, até mais" de maneira a não sofrer tanto com isso. E depois, saber fazer da saudade uma companheira - embora isso seja catarse demais pro meu gosto -.
Saudade está associada a algo de melancólico e triste, como a despedida, mesmo que seja necessária e racionalmente entendamos isso, é uma emoção obrigatória que se repete mais do que gostaríamos (espero que não fale só por mim). O peito fica apertado, a voz embargada e o sorriso sai tímido quando vemos alguém querido partir, ou quando somos nós a ir. Quantas vezes penso que poderia me despedir da saudade, de todas as que guardo, e me ver cercada daqueles que precisei dizer um até mais tarde prolongado. apenas devaneios que se dissipam no minuto seguinte.
ps: li esse poema a primeira vez qdo estava no colégio. outro dia lembrei dele.
Ausência
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Vinícius de Moraes
domingo, 22 de março de 2009
Como seria?
eu não conhecia essa poema da Cecília (Meireles), o li pela primeira vez no final de semana:
Inscrição na Areia
O meu amor não tem
importância nenhuma.
Não tem o peso nem
de uma rosa de espuma!
Desfolha-se por quem?
Para quem se perfuma?
O meu amor não tem
importância nenhuma.
célebre Quintana, em A Rua dos Cataventos, um dos poemas q mais leio:
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Emergência!!!
Bom, isso pra contar um pouco sobre a minha vida "actual": ou estou na Lusa "a escrever" sobre os países lusófonos - sem esquecer da visita do Papa à África - ou estou em casa, com meus amigos ficcionais, e eu não falei nem de um quinto deles!
domingo, 15 de março de 2009
London London
Fui passear em Londres. Desde que me entendo por gente, queria ir, pois fui! Os ingleses me pareceram simpáticos! A visita foi rápida e corrida, mas o suficiente pra deixar a vontade de quero mais!! O ônibus vermelho de dois andares, as cabines telefônicas da mesma cor, o táxi ainda em carros antigos, a direção ao contrário (da nossa), a arquitetura, o acento forte e carregado do inglês britânico, a sobriedade e o sombreado da cidade impressionam. Na foto, o Palace of Westminister, na torre da direita, o relógio mais conhecido do mundo, o Big Ben.
Alguém, pro acaso, brincava de "a ponte de Londres está caindo, está caindo, está caindo..."?? Ou seria a torre de Londres? Enfim, alguma coisa caía, era de Londres e lá em casa a gente sempre brincava! Aí está, a Tower Bridge.
British Museum! O prédio é o máximo e contém (o acordo cortou esse acento tb?) uma das maiores coleções de antiguidades do mundo, e o melhor, a entrada é gratuita!
Bom, é claro q há outras fotos e impressões, mas nem todas são compartilhadas....algumas pelo meu companheiro de viagem!! Valeu Jaú!!
terça-feira, 3 de março de 2009
Cavaleiro Inexistente

segunda-feira, 2 de março de 2009
C´est moi!
domingo, 1 de março de 2009
Quem tem dois corações...
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
e agora j...
***
Amanhã vou ao show da Bethânia! Divertido, não?!!! Depois eu conto como foi!
sábado, 21 de fevereiro de 2009
pra quando o carnaval chegar...

vcs já ouviram a música do chico "quando o carnaval chegar"?
Quem me vê sempre parado, distante garante que eu não sei sambar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando e não posso falar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Há quanto tempo desejo seu beijo molhado de maracujá
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me ofende, humilhando, pisando, pensando que eu vou aturar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
E quem me vê apanhando da vida duvida que eu vá revidar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo a barra do dia surgindo, pedindo pra gente cantar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar
pois, o carnaval chegou...calmo e tranquilo como a melodia da música. quanta gente espera ansiosa por esses dias, em que tudo é possível, em que o ritual de inversão nos dá direito a sermos tudo aquilo q quisermos, de súper-herói a pierrots e colombinas. na quarta-feira de cinzas tudo volta ao normal... fica a lembrança para o resto do ano. mas nada é perfeito, a lágrima do Pierrot é de tristeza, por causa de uma colombina q preferiu um Arlequim!
eu acho que vou continuar me guardando pra quando o carnaval chegar...
Nesse linka dá pra ouvir a música: http://letras.terra.com.br/chico-buarque/45165/
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Ela sentia frio...
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Futebol civilizado
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Aniversário
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.
Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui --- ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça,
com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado---,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Álvaro de Campos, 15-10-1929
domingo, 1 de fevereiro de 2009
Poema Patético
É o amor que está acabando,
é o homem que fechou a porta
e se enforcou na cortina.
Que barulho é esse na escada?
É Guiomar que tapou os olhos
e se assoou com estrondo.
É a lua imóvel sobre os pratos
e os metais que brilham na copa.
Que barulho é esse na escada?
É a torneira pingando água,
é o lamento imperceptível
de alguém que perdeu no jogo
enquanto a banda de música
vai baixando, baixando de tom.
Que barulho é esse na escada?
É a virgem com um trombone,
a criança com um tambor,
o bispo com uma campainha
e alguém abafando o rumor
que salta de meu coração.
de Carlos Drummond de Andrade
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
" I want to recruit you!"
Fui ao cinema! Assisti Milk, o filme do Gus Van Sant com o Sean Penn sobre um político gay. A história das minorias terem voz, é possível. Minha opinião não diz muito e, mesmo que a minha atenção tenha dispersado em alguns momentos, gostei muito do filme. Desde de I am Sam, de Jessie Nelson, não via uma atuação tão boa de Sean Penn.
sábado, 24 de janeiro de 2009
diálogo
- aconteceu alguma coisa?
- posso te ajudar?
- não?
- por quê?
- tem certeza?
- tudo bem, então....
- se precisar avisa.
- um beijo
quinta-feira, 22 de janeiro de 2009
Naturalismo!
"Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz,
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja..."
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
Língua brasileira
pô, vocês viram que o "website counter" parou?!! estava super feliz com os quase 1000 acessos, e quando atinge o número esperado, ele simplesmente parou! vou tentar resolver isso, mas não agora!
ah, mudei de estágio!! alguém lembra daquelas brincadeiras em q a pessoa escolhia coisas sem ouvir as perguntas? por exemplo, " você troca um emprego em que ganha 600 euros por mês por outro q paga 100??? SSIIIMMMM!" foi basicamente isso q eu fiz, mas com a diferença de que estava "a ouvir". Não estranhem, é q estou a habituar-me a escrever português, já que até pouco tempo eu escrevia em brasileiro!!!! não preciso nem dizer que isso irrita-me profundamente!
até breve!
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
"Quero...
do Livro do Desassossego, Bernardo Soares.
segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Memórias de um manjerico
Pelo princípio. O majerico é um primo do manjerião, esse todos devem conhecer, pelo menos de nome. É uma planta típica da festa de Santo António, que acontece em junho aqui em Lisboa, o padroeiro da cidade! Diz a lenda, que o majerico tem que ser ganhado de alguém e seguindo a outra lenda do santo casamenteiro, o fulano deve estar interessado. É mais ou menos assim a tradição. Entretanto, logo que começaram a ser vendidos e apoiada pela minha ansiedade habitual, comprei o meu majerico! Ele era lindo, crescia a cada dia! Há quem tenha cachorro ou gato, eu tenho (quero acreditar que ainda tenho), o meu majerico. Foram tantas a ameaças de fazer com ele molhos e cozidos, sequestros com pedidos de resgate exorbitantes!! Enfim, foi um verão alegre e festivo! A tristeza é que o inverno chegou e com ele o verde tornou-se marrom e seco... Ele resistiu, houve quem duvidasse que em pleno novembro ele ainda tivesse as folhas verdes, mas o frio foi mais cruel. Ainda acredito que quando o verão voltar ele vai reagir. Bem, meu ano começou assim, com o coração apertado por um manjerico, companheiro e amigo que parece estar hibernando em algum lugar qualquer. Queria poder acordá-lo.